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Já vimos uma parte da história dos números onde falamos sobre o "osso de Ishango", uma das primeiras evidências do uso dos números na história da humanidade. Também conhecemos um pouco da vida dos Warlpiri, uma tribo australiana que apesar dos seus 30.000 anos de história não desenvolveu mais conceitos numéricos que "só" e "muitos"e, nos familiarizamos com a contribuição que os babilônios e egípcios deram para a história dos números. Aqui continuaremos com um dos povos mais influentes da história: os gregos.
Influenciados pelos babilônios e egípcios, alguns gregos como Pitágoras, acreditavam que os números eram sagrados e que o universo era uma manifestação da sua essência. Pitágoras era filho de um comerciante e acompanhava seu pai em muitas de suas viagens, e graças a isso recebeu instruções de homens notáveis de povos como os caldeus e sírios. Ainda bem jovem já sabia tocar lira, escrevia poesia e recitava poetas como Homero.
Acredita-se que já na idade adulta, Pitágoras fez uma longa viagem pelo Egito, Arábia, Babilônia e Índia, onde cultivou os ensinamentos de sacerdotes e foi treinado em diferentes disciplinas, muitas de caráter religioso. Talvez por essa razão, retornando à Grécia, mais precisamente à Crotona, Pitágoras criou uma escola religiosa secreta. Seus seguidores eram recebidos somente se concordavam em desistir de todas as suas posses, prometessem comer apenas vegetais e jurassem não revelar as lições que lá fossem ensinadas, essa foi a famosa Escola de Pitágoras.
Os Pitagóricos descobriram a existência de um número que multiplicado por ele mesmo tem como resultado dois. Hoje nós o conhecemos como raiz de dois ou raiz quadrada de dois:. Este número tem uma propriedade muito especial: não é o resultado da divisão de nenhum par de números inteiros. Por exemplo, é o resultado da divisão de um entre dois, quatro por oito ou cinco por dez:
Eles também demonstraram a impossibilidade de encontrar números que quando divididos o resultado seja precisamente ; ou seja, este número não pode vir de nenhuma divisão entre inteiros.
Isto foi um duro golpe para a escola pitagórica que pregava, não apenas que os números e a matemática eram a única verdade aceitável (até mesmo além da realidade), mas que os números inteiros eram a fonte de todas as coisas. Como poderia ocorrer que o cosmos devesse sua origem aos números inteiros e a sua perfeição, se nem eles próprios eram capazes de justificar a existência do número raiz de dois?
Ao saber disso, Pitágoras e seus alunos mais próximos, decidiram esconder sua descoberta. A razão é clara: a raiz de dois era a prova de que seus ensinamentos filosóficos e espirituais não estavam corretos. Mas, além disso, os pitagóricos fizeram uma das descobertas mais notáveis na história dos números, os números irracionais.
Os gregos, curiosos por natureza, continuaram a encontrar mais destes números, pi () e fi () são alguns exemplos. Esta grande descoberta expandiu nossa compreensão dos números, agora não só existiam para contar ou representar frações de coisas, mas os irracionais tinham aparecido e se apresentaram como um grande enigma.
Claro que Pitágoras não foi o único grande matemático grego, nomes como Tales de Mileto, Euclides, Eratóstenes e Arquimedes serão lembrados por suas grandes contribuições ao desenvolvimento não só da matemática, mas do pensamento humano.
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